quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Mataram Otávio

Em uma conversa de bar, Otávio e Geraldo.

- Mulher devia ser algo menos bom; a vida seria mais fácil. Já me dói muito o pescoço! Disse Geraldo.

- Como assim, meu amigo?

Geraldo explicou:

- É que fidelidade é a minha mulher, segurando a coleira. Sempre que vejo uma mulher bonita, quero, pelo menos, elogiá-la. Mas toda vez sou impedido. A consciência, que é minha esposa vestindo o traje da mulher maravilha, puxa logo a corrente, me sufocando.

- Ah, deve ser por isso elas dizerem nós sermos cachorros.

- Sim, Otávio! Exatamente por isso. Nossa existência se resume a sermos estimados por elas. Fazemos tudo, por um biscoitinho. Mas fazemos, sobretudo, porque gostamos de respirar. E tudo que podemos pedir é que maneire os solavancos da coleira.

Ambos concordaram:

- Somos cachorros, mas só no bom sentido. Na nossa fantasia, corremos de patas sujas nas gramas das melhores fazendas; mas a felicidade mesmo está na obediência. Porque nossas mulheres são as nossas donas.

Foi então que apareceu a própria mulher maravilha, visivelmente irritada, dizendo:

- Vocês dois estão errados. Eu quero o divórcio, Geraldo. Existe homem que não precisa ser adestrado. Eu o conheci, lá no Castelo de Grayskull.

Foi assim, por um conto de gibi, que Geraldo, homem fiel, ficou só. Casou com o bar e, dizem, não foi tão feliz.

Sobre Otávio, não sei. Era coadjuvante. Viveu de suporte. É que a consciência, quando quer conversar, sai criando muita bobagem. Mas o que vale, no final das contas, é terminar a história.

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