domingo, 17 de agosto de 2014

Felicidade e coisas


A felicidade não está nas coisas. Embora às vezes facilitem, tudo depende mesmo do dono. Porque é possível ter tudo e ser um atormentado; ter nada e ser realizado. Ela não está nas coisas porque não é atributo dos objetos, mas presente dado por nós a qualquer deles. 

Vi alguém apontar para um pedestre, que usava par de sapatos velhos, e adjetivá-lo de infeliz; por causa da aparência do calçado. Mas quem usa o dedo, aponta e agride, geralmente desconhece o conforto que sente o caminhante. 

O tênis serve só de exemplo: é coisa como outra qualquer. Leia como se fosse roupa, jóia ou carro. É o que se vê todos os dias: especialistas medindo a felicidade dos outros, mas incapazes de medir os próprios indicadores. 

Julgadores comprovam que doença da cabeça é doença do dedo. Tudo que tocam deverá ser infelicidade; barra de ouro é pedra sem cor; pesada. Ignoram que atribuir felicidade aos objetos é mesmo andar com calos. 

Mas quem gosta do caminho veste qualquer coisa, põe os dedos em qualquer bolso, e vai por aí, com sorriso nu. Se tem calo, não lembra. Há tempo para a vida, não para o calcanhar, que choraminga. É muita coisa boa para ser vista. E enriquecer acaba sendo questão de aventuras gratuitas.

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