terça-feira, 24 de junho de 2014

A Copa dos olhos fechados

Um jogaço: Uruguai contra Itália. Gente de todo globo chegou por aqui para assistir esse tipo de duelo. Nas arquibancadas, holandeses, gregos, iranianos. Mas não há japoneses. Na Rua da Aurora, há latinhas de coca-cola pelas calçadas e os nipônicos ainda não terminaram o trabalho. Vão perder o vôo, mas em suas sacolas já tem muito lixo recolhido das ruas.

Passemos para as oitavas. Digamos que haverá um Brasil contra Holanda. Até Tiger Woods, que só sabe mexer no taco (ou nos tacos), aportou por aqui. Comprou a camisa da seleção canarinha e torce na arquibancada. Num jogo desses, bom é fazer parte do povão. A festa é maior.

Mas não comemoram os japoneses. Ainda não. Há no chão da rua do futuro panfletos da Riachuelo, da TIM, de churrascarias em promoção. Essa sacola plástica é mesmo uma maravilha. Melhor que as ecológicas vendidas em supermercados, mesmo sem ter gravuras de Tarsila do Amaral. O povo de olhinhos puxados não a deixa em casa.

Chegou a final: Brasil avançou; Argentina também; o maior clássico da história do futebol; no país da pelada. Tenzin Gyatso, o décimo quarto dalai-lama largou o seu mosteiro. Cansou dessa coisa de beber chá das duas; das cinco; das oito. Meditando, concluiu: melhor que ver as folhas planando é estar bem acomodado no Maracanã.

Uma pena: no templo do futebol, não apareceram os japoneses. Perceberam haver na escola municipal muita coisa para limpar. Pedaços de giz no chão; pedaços de cadeira também. Até os professores deixavam seus pedaços pelos corredores. Mas japonês é gente paciente. Terá Copa em 2018. Irão prontos com suas sacolas. Só esperam que aconteça em um país mais limpo.

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