terça-feira, 27 de novembro de 2012

Hábito

Apesar dos problemas da vida, eu me sentiria completamente satisfeito se conseguisse criar um hábito sólido. Escrever todas as manhãs, cumprir meu planejamento de estudo diário, cortar a coca-zero das refeições, ir além do tênis e sentir prazer na academia, voltar ao estudo do piano...

Mas por que é tão difícil? A dificuldade, pelo menos pra mim, está em saber lidar com a inconstância do humor, a ponto de fazer as mesmas coisas todos os dias, sem avaliar se meu estado mental está propício para seguir repetindo as atividades. Todos nós temos época em que só ouvimos o canto de Chico Buarque: "Tem dias que a gente se sente...". 

Outra barreira está na incapacidade de dizer não. Criar um hábito requer sacrifícios. Sabe o chocolate que, por ser bem pequeno, topamos comer enquanto estamos no início de uma dieta? Sabe aquele dia em que sua namorada pede pra sair à noite, quando você está no meio da construção do hábito de acordar cedinho todos os dias? E quando você acorda um pouco preguiçoso e, tendo que ir malhar, vê a cama tentando seduzir mais alguns minutinhos de sono? 

O diamante negro de 25 gramas é incapaz de aumentar as bochechas. Dormir mais 10 minutos pra depois ir malhar não vai fazer com que seus músculos cresçam menos. Sair com a namorada fará você acordar tarde no outro dia, mas um dia não cumprido não traz o insucesso de ninguém. 

O problema é que, quando o hábito em construção é interrompido, é, também, reiniciado. E, assim, não alcança a maturidade de ser um ato automático. O hábito toma forma quando, de tanto insistirmos, vencemos a resistência. E passamos a executá-lo sem pensar. 

Para conquistar um hábito é preciso ser rígido. Dizer não aos detalhes e às exceções. É necessário fazer aquela coisa que você não está interessado naquele momento. É preciso ter a consciência que o caminho de sua formação passa pelo desprazer e pelo incômodo. Basta agir antes que comece aquela entrevista interna que borbulha na confusão da nossa cabeça. 

Um comentário:

Taís. disse...

Como sempre, muito bom!

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