sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Bom dia


Abri os olhos às 05h05. E levantei da cama na mesma hora. Sempre tive hábito de dormir tarde e despertar por volta das oito, nove horas. Eu mutilava, à metade, o berço do meu dia.

Abro a cortina e vejo o céu ainda tímido. Não há, ainda, o sol acordado, mas é já um pouco claro. Nem preciso ligar a lâmpada do banheiro. Existe ali uma luz com tom nublado, sem os anúncios de um dia chuvoso. O céu, sonolento, é como o meu rosto, ainda amassado.

Apesar da pouca luz, nós sabemos. Eu e o céu, fizemos a escolha mais sábia: dar ao início o melhor começo. É aqui que fortaleço um hábito. Descobri e ando confirmando que cai bem à saúde ter a ordem antecipada. Pelas manhãs inteiras, se constrói um novo mundo.

Aqueço e dou bom trato ao corpo. Café ao lado, alongo as idéias sonhadas. Disse a lógica: produzimos melhor com o corpo renovado. Por isso, visto meu corpo com o tempo medido. Deito quando ele quer dormir e me aprumo com sincronia. Por que insistir na crença da direção cansada, contra as forças do rio?

Quero conquistar a minha graça. E sei o quanto ela custa! Um dia riscado no calendário, com forma de medalha ganha. Outro, com gosto do orgulho próprio.  Imponho o hábito por ser mais forte. Ele há de pôr aos meus pés o tesouro desvendado! Aquele que, à noite, vejo nítido. Através da fenda que divisa o travesseiro, beijado por um sorriso de canto, das pálpebras deslizadas.



(Foto por Raymond Depardon)


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